quarta-feira, 8 de junho de 2016

Podemos temer à morte?


            A palavra morte traz no seu bojo não somente o sentido da cessação da vida, mas também significa destruição ruína, o fim de alguma coisa. Na vida, existem duas correntes que tratam da morte de modo diversificado, uma encara a morte como dando cabo de tudo, outra, pelo contrário, ver a morte não apenas como o findar da vida física, mas como a separação da alma do corpo, surgindo então uma vida espiritual.       
            Pondo de lado as perspectivas, podemos dizer que a morte de qualquer maneira é temida, mas vale dizer que, no pensar do filósofo grego Epicuro, (341-270 a. C), era bobagem tremenda ter medo da morte, pois isso era tão somente uma questão de lógica. No pensar de Epicuro, o fato de se temer à morte era simplesmente uma questão de espírito, isso poderia ser totalmente mudado caso se pensasse seriamente sobre ela, segundo ele, quando realmente sabemos o que de fato estamos pensando, nossa estada neste mundo será bem mais vivida.
            Epicuro era de Samos, viveu grande parte de sua vida em Atenas, atraiu muitas pessoas devido seus pensamentos, o que o tornava célebre é que tanto escravos, homens e mulheres livres sempre o seguia, o que não era natural nos tempos antigos. Ele fundou uma escola na qual havia um jardim, por isso ficou conhecida como o Jardim. Acredita-se que tenha escrito mais de 300 livros, mas quase nada se restou disso
            No pensar de Epicuro a vida pode ser vida de modo bem aproveitável se realmente tivermos uma filosofia positiva, a qual ajude o homem a encontrar a felicidade. Para muitos, pensar na morte é algo lânguido, todavia, para Epicuro seria algo importante, ela tornava a vida bem viva.
            Um grande marco destacável na vida de Epicuro era sua definição sobre a filosofia, ele não a entendia apenas como um pensar abstrato, mas que deveria ser colocada em prática, ou melhor, na nossa maneira de viver.
No filosofar prático de Epicuro o que torna a vida agradável é a busca pelo prazer e o banimento daquilo que causa dor. O filósofo grego define uma vida de qualidade aquela que é marcada pela gentilidade, simplicidade e busca de amigos; o que torna uma vida angustiante é a luta constante por aquilo que não se pode ter, quanto mais os desejos forem simples, mas facilmente eles serão realizados, de modo que os gozaremos com alegria e prazer.
             A filosofia de Epicuro era um tipo de terapia mental, ele dizia que todos deveriam excluir a dor mental de suas mentes, pois se assim o fizessem poderiam suportar a dor física. Ele afirmava que meditar nos bons momentos da vida era o que poderia fazer com que a felicidade perdurasse até mesmo na hora da morte.
            A circunspeção presente no pensamento do epicurismo não era a grandeza, ganância, mas sim a moderação, o contrário disso faz com que a mente fique sempre em um estado de angústia. No cardápio de Epicuro e de seus alunos não constava comidas exóticas, mas apenas água e pão. Muitos rivais da escola de Epicuro tentaram macular seu pensamento e o procedimento dos seus alunos, afirmando que no Jardim havia pratica de licenciosidade carnal, o que para muitos não passavam de boatos.
Em suma, podemos afirmar que na questão da morte Epicuro dizia que ela não deveria ser temida porque quando acontece nós não estamos lá. Enquanto os acontecimentos são coisas que fazem parte das nossas experiências, a morte é o seu oposto, isto é, ela impossibilita o homem dessa dita experiência, dela o homem não tem ciência, nele não restará coisa alguma para sentir o que sucede ao seu corpo.
            Para não temer à morte, Epicuro dizia que era importante analisar o passado e o presente, ele afirma que antes de existirmos houve uma eternidade na qual nós não existíamos, posteriormente veio uma possibilidade de nossa existência, mas não há preocupação da nossa parte em não ter existido anteriormente.
            Epicuro dizia que não havia simetria em nosso pensamento, pois assim como não pensávamos no tempo antes do nosso nascimento, nos preocupamos apenas com o tempo depois da morte, é nisso que consiste nosso grande erro. Assim ele expressava: como não pensamos no nosso passado eterno, não devemos também pensar na questão da morte no futuro.
            Dentro do contexto Bíblico a morte não é vista como uma tragédia, uma desgraça, mas preciosa aos olhos de Deus (Sl 116.15). No livro do Apocalipse, João diz que a morte é um estado de bem-aventurança para aqueles que morrem no Senhor (Ap 14.13). Portanto, quem não quiser realmente temer a morte precisa ter o dono da vida: Jesus. (Jo 5.24).