A
palavra morte traz no seu bojo não somente o sentido da cessação da vida, mas
também significa destruição ruína, o fim de alguma coisa. Na vida, existem duas
correntes que tratam da morte de modo diversificado, uma encara a morte como dando
cabo de tudo, outra, pelo contrário, ver a morte não apenas como o findar da
vida física, mas como a separação da alma do corpo, surgindo então uma vida
espiritual.
Pondo
de lado as perspectivas, podemos dizer que a morte de qualquer maneira é temida,
mas vale dizer que, no pensar do filósofo grego Epicuro, (341-270 a. C), era
bobagem tremenda ter medo da morte, pois isso era tão somente uma questão de
lógica. No pensar de Epicuro, o fato de se temer à morte era simplesmente uma
questão de espírito, isso poderia ser totalmente mudado caso se pensasse
seriamente sobre ela, segundo ele, quando realmente sabemos o que de fato
estamos pensando, nossa estada neste mundo será bem mais vivida.
Epicuro
era de Samos, viveu grande parte de sua vida em Atenas, atraiu muitas pessoas
devido seus pensamentos, o que o tornava célebre é que tanto escravos, homens e
mulheres livres sempre o seguia, o que não era natural nos tempos antigos. Ele
fundou uma escola na qual havia um jardim, por isso ficou conhecida como o Jardim.
Acredita-se que tenha escrito mais de 300 livros, mas quase nada se restou
disso
No
pensar de Epicuro a vida pode ser vida de modo bem aproveitável se realmente
tivermos uma filosofia positiva, a qual ajude o homem a encontrar a felicidade.
Para muitos, pensar na morte é algo lânguido, todavia, para Epicuro seria algo
importante, ela tornava a vida bem viva.
Um
grande marco destacável na vida de Epicuro era sua definição sobre a filosofia,
ele não a entendia apenas como um pensar abstrato, mas que deveria ser colocada
em prática, ou melhor, na nossa maneira de viver.
No
filosofar prático de Epicuro o que torna a vida agradável é a busca pelo prazer
e o banimento daquilo que causa dor. O filósofo grego define uma vida de
qualidade aquela que é marcada pela gentilidade, simplicidade e busca de
amigos; o que torna uma vida angustiante é a luta constante por aquilo que não
se pode ter, quanto mais os desejos forem simples, mas facilmente eles serão
realizados, de modo que os gozaremos com alegria e prazer.
A filosofia de Epicuro era um tipo de terapia
mental, ele dizia que todos deveriam excluir a dor mental de suas mentes, pois
se assim o fizessem poderiam suportar a dor física. Ele afirmava que meditar
nos bons momentos da vida era o que poderia fazer com que a felicidade
perdurasse até mesmo na hora da morte.
A
circunspeção presente no pensamento do epicurismo não era a grandeza, ganância,
mas sim a moderação, o contrário disso faz com que a mente fique sempre em um
estado de angústia. No cardápio de Epicuro e de seus alunos não constava
comidas exóticas, mas apenas água e pão. Muitos rivais da escola de Epicuro
tentaram macular seu pensamento e o procedimento dos seus alunos, afirmando que
no Jardim havia pratica de licenciosidade carnal, o que para muitos não
passavam de boatos.
Em suma,
podemos afirmar que na questão da morte Epicuro dizia que ela não deveria ser
temida porque quando acontece nós não estamos lá. Enquanto os acontecimentos
são coisas que fazem parte das nossas experiências, a morte é o seu oposto,
isto é, ela impossibilita o homem dessa dita experiência, dela o homem não tem
ciência, nele não restará coisa alguma para sentir o que sucede ao seu corpo.
Para
não temer à morte, Epicuro dizia que era importante analisar o passado e o presente,
ele afirma que antes de existirmos houve uma eternidade na qual nós não
existíamos, posteriormente veio uma possibilidade de nossa existência, mas não
há preocupação da nossa parte em não ter existido anteriormente.
Epicuro
dizia que não havia simetria em nosso pensamento, pois assim como não
pensávamos no tempo antes do nosso nascimento, nos preocupamos apenas com o
tempo depois da morte, é nisso que consiste nosso grande erro. Assim ele
expressava: como não pensamos no nosso passado eterno, não devemos também
pensar na questão da morte no futuro.
Dentro
do contexto Bíblico a morte não é vista como uma tragédia, uma desgraça, mas
preciosa aos olhos de Deus (Sl 116.15). No livro do Apocalipse, João diz que a
morte é um estado de bem-aventurança para aqueles que morrem no Senhor (Ap
14.13). Portanto, quem não quiser realmente temer a morte precisa ter o dono da
vida: Jesus. (Jo 5.24).
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