Não podemos negar que esse
assunto é por demais controvertido, primeiramente porque foge da nossa
capacidade de compreensão, isto pelo fato de abordar assuntos que na verdade é
da capacidade divina (Dt 29.29).
Como de praxe, sabemos
teologicamente que não podemos, na nossa ínfima compreensão, tentar descobrir
ou conhecer a mente de Deus, o que Ele faria ou deixaria de fazer.
Procurar respostas para saber
a razão de Deus ter deixado o homem pecar seria o mesmo que tentar colocar o
Mar Mediterrâneo em um copo d’água, isso por parte do homem, é claro!
Quando nos detemos à temática
da eleição relacionada à aplicação da redenção de Cristo, isso diz respeito aos
decretos de Deus, subsequentemente relacionado ao decreto da redenção.
Precisamos entender as
seguintes palavras: sublapsarianismo, infralapsarianismo, hipercalvinismo. O
primeiro diz que os decretos de Deus seguem as seguintes ordens:
1- Decreto de Criar.
2- Decreto de permitir a queda.
3- Decreto de prover salvação suficiente para
todos.
4- Decreto de conseguir a salvação apenas
para alguns, ou o decreto da eleição.
O infralapsarianismo está de
acordo com os dois primeiros pontos citados acima, mas faz o decreto de prover
a salvação para os eleitos. Quanto ao hipercalvinismo:
afirma o que é conhecido como sublapsarianismo,
a isto a ordem dos decretos são as seguintes:
1- O decreto de salvar alguns e rejeitar
outros.
2- O decreto de criar tanto os que vão ser
salvos quanto os que vão ser rejeitados.
3- O decreto de permitir a queda dos dois
grupos.
4- O decreto de permitir a salvação apenas
para os eleitos.
Definição
de Eleição.
Podemos entender que eleição é
o ato soberano de Deus, que através da graça
escolheu em Cristo para a salvação todos aqueles que previamente Ele
sabia que O aceitariam. Esse tipo de eleição pode ser definida no seu aspecto
redentor.
Devemos entender que existe
outro tipo de eleição, esta é denominada de “eleição para privilégios exteriores” (Lc 6. 13; At 13.17; Rm 9. 4;
11 28). Isso é importante para que não façamos confusão quanto à “eleição redentiva” e a eleição de
privilégios exteriores. Vamos agora abordar a eleição e predestinação nos
seguintes termos:
Eleição e Presciência.
A eleição é um ato soberano de
Deus, isso porque Ele não sofreu nenhuma pressão para nos salvar, pelo
contrário, sua decisão em nos salvar é um ato através da sua graça, por isso
sabemos que Deus não podia nos escolher em si mesmo, isso por causa dos nossos
pecados, então, através dos méritos de Cristo somos escolhidos Nele.
As Escrituras Sagradas falam
da eleição baseada na presciência divina (Rm 8.29,30; 1 Pe 1.1-2); ou seja, em
sua presciência divina Deus tem consciência do que cada ser humano vai fazer
com a capacidade restaurada, e elege os homens para a salvação em relação com o
seu conhecimento de escolha que fazem a respeito de Deus.
É bom lembrar que Deus
restaurou no homem a capacidade suficiente para fazer a escolha, nesse caso o
homem tem a capacidade de fazer a escolha da submissão a Ele. É claro que não
existe nas Escrituras sagradas elementos que caracterizam a presciência de Deus
determinando a sua escolha, mas através do conteúdo bíblico vemos que o homem é
responsável pela aceitação ou rejeição da salvação, isso porque Deus já se
revelou ao próprio homem, sendo assim, essa revelação serve de fundamento para
a própria eleição do homem.
Predestinação.
A palavra predestinar aparece na Versão Autorizada somente em Rm 8.29-30. A
palavra predestinado aparece em Ef 1.5-11. A Versão Americana traduz como
predeterminado. A Versão Autorizada apresenta o termo predeterminado em 1 Pe
1.20. A Versão Padrão Americana muda essa palavra para “predeterminado”.
Scofield define a palavra
predestinação da seguinte maneira: “O exercício eficaz da vontade de Deus pelo
qual a coisas de antemão determinadas por Ele são levadas a acontecer”.
Podemos afirmar que predestinação, quando
relacionada à redenção, significa que na eleição Deus decidiu salvar aqueles
que aceitarem Seu Filho e a salvação oferecida, na predestinação Ele determinou
cumprir cabalmente esse propósito.
Pontos Controversos.
Quanto
a Eleição e Presciência Divina.
Como já falamos anteriormente,
a eleição e presciência divina estão de acordo com a Bíblia Sagrada, surgem
alguns pontos controversos no que tange à questão da “eleição condicional”, pois nessa colocação eles dizem que Deus é a
causa eficaz do pecado.
Temos que entender que quanto
à questão da eleição e da presciência divina citadas em Rm 8.28-30 e 1 Pe 1.1-2
alguns tentam interpretar a presciência de
Deus de modo arbitrário, sendo assim, não há diferença entre os decretos
eficazes e permissivos de Deus.
O que podemos compreender
diante de tudo isso é que Deus sabia que o pecado entraria no mundo sem que
isso fosse decretado eficazmente por Ele. Como também Deus sabia como o homem
reagiria sem eficazmente decretar como devia fazê-lo, mas assim Ele permitiu,
no entanto, o seu plano seria levado a efeito pelo fato Dele prever o que iria
acontecer e ter deixado acontecer.
Salvação Para todos.
Quando abordamos esse assunto
da salvação para todos, duas coisas devem ser levadas a efeitos: primeiramente,
a questão da salvação para todos na verdade essa é uma temática bíblica da qual
não podemos fugir (Jo 3.16; Mt 11.28.29; 1 Tm 2. 6; 2; Pe 2. 1; 3.9; Hb 2.9; 1 Jo 2.2; Ez 18. 32). Em segundo
lugar, devemos atentar para o convite da salvação, conclui-se que o convite da
salvação estende-se a todos os homens mediante a obra eficaz da regeneração de
Deus através de Cristo Jesus.
Quanto a Justiça Divina.
Biblicamente sabemos que Deus
é justo, a justiça é o fundamento do seu trono (Sl 97.2), diante disto surge a
seguinte pergunta: como pode um Deus que é tão justo e bom escolher dentre a
humanidade pessoas que são pecadoras, condenadas no pecado, providenciar
salvação para alguns desses e não fazer nada pelos outros?
Nesse caso Deus não estaria
sendo parcial? Afirmamos que a graça de Deus é Universal, ela está disponível a
todos os homens, e através de Cristo o homem tem a sua capacidade restaurada,
quando Nele crer como o Filho de Deus para querer fazer a Sua vontade. Textos
problemáticos: Mt 11.21-23; Ez 3.17-19.
Quanto
a Missão de se pregar o Evangelho a Toda a Criatura. Mc. 16. 15.
Se arbitrariamente Deus já
escolheu os que vão para o Céu e os que vão para o Inferno, então é inútil o
esforço missionário, evangelístico; é inútil suportar as aflições, desafios,
ameaças, perseguições e até morte por causa de Cristo. Através da Palavra de
Deus vemos que Jesus enviou os seus discípulos a pregarem o Evangelho para a
salvação dos homens.
Refutação quanto ao Ponto de vista da
Eleição.
Vamos
analisar alguns pontos que de certa forma representam uma dificuldade, pois é
certo que existem algumas questões que não podem ser solucionadas. Vejamos:
1- Algumas
pessoas que foram dadas a Cristo. Jo 6. 36; 17.2,6, 9.
Pelo uso desses textos se
argumentam que Deus escolheu de modo arbitrário alguns, enquanto outros foram
designados para que perecessem.
Ø
Refutação.
Quanto a essa questão não podemos dizer que Deus deu certas pessoas a
Cristo e outras não, na verdade isso vai de encontro ao caráter de Deus; o que
fez com que Deus escolhesse essas pessoas previamente foi tão somente pelo fato
Dele saber os que elas iriam fazer do que simplesmente exercer autoridade
soberana.
2- Ninguém
vem a Cristo se o Pai não o trouxer.
Parece um paradoxo, pois ao
mesmo tempo que a Bíblia diz que ninguém pode vir a Cristo se o Pai não o
chamar, ao mesmo tempo as Escrituras dizem que Cristo atrairia muitos a Ele (Jo
6. 44; Jo 12. 32). Faz-se necessário analisarmos meticulosamente a palavra
grega helkuo, que significa puxar uma
rede (Jo 21.6-11), uma espada (Jo 18.10), como também essa palavra pode ser
aplicada a uma pessoa que é puxada a força, contra o seu próprio querer (At
21.30; 16.19; Tg 2.6).
3- Quanto
à citação de Fp 2.13.
Os que defendem a eleição
dizem que o homem não pode fazer nada até o momento em que Deus tome a
iniciativa de fazer alguma coisa nesse nele. Na verdade eles se esquecem de que
tal texto não está se referindo às pessoas não salvas, e sim a pessoas salvas.
O que Paulo estava dizendo é
que os Filipenses deveriam desenvolver a sua salvação com temor e tremor, dessa
forma o apóstolo os encoraja a fazer isso pela certeza de que Deus efetuará
tudo isso em suas vidas, isso é possível quando se está disposto a buscar o que
Deus oferece através de Cristo. (Jo 5.40).
4- Concernente
a Jacó e a Esaú. (Rm 9.13).
Os que defendem a maneira
arbitrária da eleição sustentam o argumento de Jacó e Esaú, dizendo que eles
não fizeram nem bem e nem mal, sendo assim, Deus escolheu a Jacó ao invés de
Esaú.
É bem verdade que eles ainda
não tinham feito nem bem e nem mal, contudo, quiçá, sabemos que Deus, na sua
onisciência, sabia muito bem tanto o que Jacó iria fazer como também Esaú, pode
se perceber isso pelas escolhas de Jacó, que mesmo na sua fraqueza tendia para
as coisas de Deus, quanto a Esaú, ele profanou as coisas de divinas (Hb 12.16).
Outra coisa que deve se dito
dessa escolha é que Jacó não foi escolhido para salvação e sim para privilégios exteriores, nacionais. Deus,
sabendo que Jacó e sua descendência penderiam mais para as coisas espirituais
mais do que a família de Esaú, escolheu Jacó para firmar uma aliança que ele e
seus descendentes viriam a gozar posteriormente.
5- Concernente
a Faraó.
Em
se tratando desse caso de Faraó, podemos entender que Deus o tomou como modelo
por saber que o tal não se renderia à sua vontade, ele poderia estar no Egito
ou em qualquer outro lugar, ainda assim seria contrário ao querer de Deus. Pela
própria leitura do livro de Êxodo se percebe que o coração de Faraó era
endurecido antes que Deus fizesse isso (Êx 4.21; 7.3; 14.4). Somente depois da
constante rebeldia de Faraó foi que Deus de fato endureceu seu coração (Êx
9.12).
Diante de tudo o que Deus fazia Faraó
mostrava-se insensível, indiferente, incrédulo, desse modo ele foi fechando seu
coração mais e mais para Deus e suas obras, de modo que se tornou obstinado,
sendo assim, por definitivo Deus apenas completou o que de fato já vinha
acontecendo: o coração de Faraó foi endurecido definitivamente. A análise
desses textos é de fundamental importância: Êx 7.13,22; 9.34, 35; Hb 8.,11,15.
6- Concernente
a At. 13.48.
Nesse texto aparece a seguinte
expressão: “Creram todos os que haviam
sido determinados para vida eterna”. Através desse texto podemos entender
que Paulo não está tratando de “decreto absoluto”, ele diz que os judeus,
através de suas próprias escolhas rejeitaram a mensagem da salvação, ou seja,
através dessa escolha feita por eles a escolha individual resolveu a questão.
7- Referente
à Ef 1. 5.8; 2.10.
Esse texto mostra a salvação
sendo uma procedência totalmente divina através da sua graça, é dessa forma que
Deus escolhe as pessoas, mediante a sua graça. Deus toma a iniciativa através
da sua graça manifestada para com o pecador, sem esse pressuposto nenhum homem
seria salvo, deve se levar em consideração que só a graça, conforme manifestada
na Bíblia, não salva o homem, a graça manifestada no pecador capacita-o a
escolher a quem vai servir.
8- Arrependimento
e fé no processo da salvação do homem.
Tanto o arrependimento quanto
a fé trabalham no processo da salvação, os dois são vistos nas Escrituras
Sagradas como dádivas de Deus ao homem, soariam um pouco estranha a idéia de
Deus chamar os homens em todos os lugares ao arrependimento quando apenas
algumas pessoas recebem a dádiva do arrependimento e da fé (At 17. 30; 5.31;
11.18. 2 Pe 3. 9. 2 Tm 2. 25; Mc 1. 14. 15).
9- Quanto
ao Plano de Deus.
Os que defendem a
predestinação incondicional e absoluta asseguram que se assim não for todos os
planos de Deus são incertos e sujeitos a abortar. Corroboramos que isso poderia
acontecer se Deus não previsse que o homem iria cair e não planejasse algo para
o homem pecador, como Deus previu que tudo isso ia acontecer, deu
prosseguimento ao plano das épocas, portanto, confirmamos que seu plano é
perfeito (Gl 4.4).
A Vocação.
A
vocação fala do chamado de Deus, esse é um ato maravilho que se destaca pela
manifestação da graça de Deus onde todos os homens são chamados para aceitarem
pela fé a salvação através do sacrifício de Cristo Jesus.
O
Grande Teólogo Strong faz distinção entre o chamado geral ou externo, e o
chamado especial. O chamado geral é destinado a todas as pessoas; quanto ao
chamado especial ou eficaz, diz respeito aos eleitos. O chamado Geral engloba:
1- Todas as Pessoas. Mt. 11. 28. Jo. 3.
15.16; 4.14; 11. 26. Ap. 22. 17. Is. 45. 22.
Ez. 33. 11. Mt. 28. 19. Mc. 16.
14. Jo. 12. 32. 1 Tm. 2. 4. 2 Pe. 3. 9.
Esses versículos põem por terra a posição de Strong do chamado geral e dos
eleitos, ou dos especiais. O único obstáculo à salvação do homem é a sua
vontade.
A
Razão do Chamado. Ef. 1. 18-19.
Todos
os crentes deveriam ter em mente a razão pela qual Deus nos chamou e porque nos
chamou. Na verdade, não fomos chamados primeiramente para sermos Igreja, para
reformas de vida, para as boas obras, para o batismo, essas coisas que
praticamos são na verdade os resultados daquilo para o qual fomos chamados.
Podemos inferir desses textos
citados abaixo que Deus não chama ninguém para fazer algo que não possa fazer
ou para o que Ele não esteja ansioso para ajudá-lo fazer. Mt 3. 2.4; Mc 1. 14.15; At 2. 38; At 16.31; 19.4 Rm 10. 9; 1 Jo 3.23.
Esses versículos mostram que fomos chamados para o arrependimento como também
para a fé.
São
diversos os meios pelos quais Deus usa para chamar o homem ao plano da
salvação, vejamos:
a- Pela Sua Palavra. Rm 10. 16-17; 2 Ts 2.
14.
b- Ele chama os homens através do seu
Espírito. Jo 16.8; Gn 6. 3; Hb 3. 7-8.
c- Ele chama os homens através dos seus
servos. 2 Cr 36. 15; Jr 25. 4. Mt 22. 4-9.
Bela exposição Bíblicamente racional. Um dos temas que poucos querem discorrer, mas de grande valor significativo tanto para quem tem dúvidas com os que querem explicar. Dizer o que a Bíblia diz evita subjetivismo... parabéns pastor Osiel!!!
ResponderExcluirUMA EXPLANAÇÃO CONVINCENTE, E PERIGOSA, POIS PODE INDUZIR PESSOAS A DISCORDAREM DO SENTIDO BÍBLICO DAS ESCRITURAS QUE SÃO NA REALIDADE "INERRANTES", E, QUE PODEM SER LEVADAS AO ERRO DE DESACREDITAR NA GENINA PALAVRA DE DEUS E LEVADA A ENTENDER DE ACORDO COM OS PENSAMENTOS DO "AUTOR", QUE NA REALIDADE DESVIA TEXTOS BÍBLICOS, LEVANDO INCAUTOS A OUTRO EVANGELHO, QUE SEGUNDO O APÓSTOLO PAULO, DEVEMOS CONSIDERAR COMO "ANÁTEMA", OU SENDO MAIS ÉTICO, CONSIDERO DE "PARTICULAR INTERPRETAÇÃO". NÃO ME DEIXAREI SER LEVADO.
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