terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Superando a menor idade

O panorama que se patenteia diante dos nossos olhos, frente a uma sociedade avançada, intelectualizada, elitizada, espiritualizada, parece transparecer que os homens do presente mundo alcançaram seu zênite, sua culminância, mas na realidade, na vivencia prática, o que temos visto é o oposto de tudo isso, pois apesar da socialização, do avanço da intelecto ele não alcançou o estado sapiens, mas ainda vive na condição de homem Neandertal.
Como podemos afirmar que estamos avançando, que saímos da caverna, quando somos ainda dominados por atitudes de infantilidade racional, dando espaço para o crime, racismo, preconceito. Em pleno século 21 estamos presenciando atos praticados por pessoas que se dizem intelectuais, que provam que ainda vivem na condição do homem da caverna. 
Em alguns setores sociais, como no Ensino Médio e Fundamental, Campos Universitários, na política, religião, pelos noticiários são apresentados como locais onde se desenvolvem atitudes de pessoas sem mentalidade, sem crescimento, pois estão fazendo apologia à diferença de raças, classes, e incentivando a volta do espírito anti-humano de Adolf Hitler, que tinha a pretensão de criar a raça superior, ariana, isso através de dogmas e preceitos, que levou a morte milhões de pessoas, inclusive judeus. 
Para entendermos melhor a questão da menor idade, vamos nos ater nas palavras do filósofo Alemão, da cidade de Konisberg, Kant (1724-1804). Tranquilidade, pesquisas, regularidade, metodicismo, tudo isso caracterizava a vida de Kant. Esse filósofo afirmava que com a chegada do Iluminismo o homem superou sua menoridade intelectual.
Kant dizia que para o homem chegar ao verdadeiro conhecimento teria que ser por meio da razão, isso seria possível através de um método, que ele denominou de crítica da razão, é dele a frase: “O homem deveria se deixar guiar pela sua própria razão sem se deixar enganar pelas aparências, pelas opiniões alheias, pelas tradições”. 
Para o filósofo Kant o homem é um ser que tem razão e liberdade, nesse caso ele estaria à altura de fazer á filosofia os questionamentos que sempre perseguiram o homem: O que posso saber? Como Saber? Como devo Agir? O que posso Esperar? O que é o ser Humano?
Na busca pelo conhecimento, em sua obra “crítica da razão pura”, Kant diz que são necessários dois aspectos para se chegar ao conhecimento: o conhecimento empírico, que é denominado também de a posteriori, que é aquele que vem ao homem por meio dos sentidos, por isso que se diz que ele é depois da experiência. Depois vem o conhecimento puro, ou a priori, o qual é anterior à experiência e não está sujeito aos dados sensitivos, mas que é fruto de um processo puramente mental, racional.
Segundo Kant, o conhecimento puro era necessário porque ele teria a capacidade de formular juízos universais e necessários, e não apenas conhecimentos sensitivos. Kant falou de dois tipos de juízos: o analítico e sintético. No primeiro o predicado está contido no sujeito, no segundo, o predicado não está contido no sujeito. 
Quando digo: o quadro tem quatro lados, estou fazendo menção de um juízo analítico, nesse caso o predicado já está contido no sujeito. Mas quando falo: os corpos se movimentam, está claro que o predicado não está presente, o que vai dar margens para inúmeras definições da palavra corpo, pois ela é amplíssima, nesse caso estou fazendo uso do juízo sintético.
No juízo analítico o sujeito já está bem definido pelo seu predicado, não é preciso fazer qualquer tipo de experiência sensitiva para se dizer algo sobre o sujeito, pois ele é universal e necessário. No juízo sintético as definições ou os acréscimos que serão feitos estarão ligados ao tempo, ao espaço, local onde se dá nossa experiência, mas tal juízo não produzirá um conhecimento universal e necessário. 
Diante desses pressupostos epistemológico de Kant entendemos que não é fácil se chegar ao conhecimento, pois segundo ele nós somos sujeitos das nossas tradições e do conhecimento a posteriori, que estão ligadas ao tempo e espaço, ademais, são noções erradas que foram institucionalizadas. 
O racionalismo dogmático afirmava que a mente tinha apenas a função de absorver a realidade, sendo assim, muitos filósofos consideravam a mente apenas como tendo uma atividade mental do sujeito; outro julgavam importante o empirismo, pois o objeto tinha a função determinante do real exterior.
Para Kant existe uma ligação entre o sujeito e o objeto, entre o racionalismo dogmático e o empirismo, quando o sujeito passa a ter contato com a realidade do mundo, ele participa de sua construção mental, ele dizia que das coisas conhecemos a priori só o que nós mesmos colocamos nelas.
A nossa menoridade está firmada em concepções puramente sensitivas, somos levados pelo poder da mídia, nossas opiniões são vazias, sem racionalidade, pautadas apenas no que homens como Hitler e outros disseram, sem que realmente conhecessem as coisas em si. 
Quem já alcançou a maioridade racional não tem pensamentos nem afirmações medíocres, nem discursos racistas, preconceituosos, mas quem deixou de ser criança, as afirmações que fazem sobre os sujeitos são necessárias e delineadas em predicados que realcem a verdade e a beleza da vida.
Ainda vivemos em uma sociedade onde as mulheres e os negros são discriminados, os pobres, rejeitados, isso porque as pessoas estão fazendo juízo de valores pautados em posição, origem familiar, e não nos bons predicados ou virtudes, as quais devem realmente marcar a vida de um bom cidadão. A questão não é ser branco, negro, rico ou pobre, mas sim saber valorizar o outro como pessoa, quem faz isso já alcançou a maioridade racional.
O filósofo Paulo disse que quando era criança falava como criança, pensava como criança, mas quando tornou-se adulto deixou para trás a vida de criança. Está na hora de deixarmos a menor idade racional e procurarmos avançar cada vez mais em um conhecimento perfeito e superior, somente assim alcançaremos o mundo que sonhamos ter.
Osiel Gomes.

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