quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Tirando Deus de Cena.


O panorama que se descortina diante de nós, marcado por violência, moléstias, descaso para com o valor da vida, tem levado muitos a afirmarem que Deus não está nem aí para os homens, nesse caso pode-se dizer que a filosofia deísta tem fundamento. Mas frente a tudo isso indagamos: Deus está interessado na vida e problemas dos homens?
Antes de respondermos a essa pergunta quero fundamentar minhas respostas nas palavras do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1990), um homem de saber notável que foi professor na Universidade de Basiléia. Não me prenderei no seu posicionamento sobre a fé, mas quero dizer que não podemos ojerizá-lo somente por causa de sua célebre afirmação: “Deus está morto”. 
Em sua obra “A gaia ciência” (1822), o filósofo coloca um personagem segurando um lampião que está à procura de Deus, é dele que nasce a frase que chocou o mundo, especialmente os cristãos: “Deus está morto”.  
É importante dizer que as obras escritas por Nietzsche só tiveram aceitação em tempos posteriores, nos seus dias, muitos o consideravam um louco, suas opiniões eram rejeitadas, por isso teve que deixar a Universidade onde trabalhava, e não somente isso, ele tinha problema de saúde, incluindo o lado mental.
 Nietzsche era um homem que se afastava do seu centro, opôs-se ao pensamento de Kant, e nos seus escritos os comentários são fragmentários, irônicos, provocadores, mas não podemos negar que suas palavras chamam nossa atenção. Mas será se ele realmente, em se tratando do Deus eterno, queria afirmar que Ele estava de fato morto?
Para alguns estudiosos o filósofo alemão estava apenas brincando, pois ele sabia que Deus não poderia morrer, mas tão somente que a crença nesse Deus havia deixado de
ser razoável. Nietzsche dizia que caso Deus estivesse morto então o mundo ficaria sem uma base moral, e que a ideia de bem, mal, certo, errado, só tem sentido onde existe Deus, sua ausência desnivela tudo isso.
Tirar Deus do cenário era o mesmo que complicar as regras do jogo, pois somente Deus tem as normas, as diretrizes certas para valorizarmos o que é devido, e não saberemos como de fato viver. 
Para muitos contemporâneos de Nietzsche essas palavras não tinha qualquer sentido. Esse filósofo se considerava um “imoralista”, isto não quer dizer que ele seria alguém que praticasse o mal de modo deliberado, mas com tal expressão dizia que todos deveriam ir além da moral, é isso que trata sua obra: “para além do bem e do mal”.
No ato de se tirar Deus do cenário, Nietzsche viu que duas coisas aconteceriam no mundo dos homens: tragédias ou alguma coisa excitante, isto é, que estimulasse para algo a mais. A ausência de Deus do mundo humano possibilitava a vantagem de cada pessoa criar seus valores, sua visão de vida, de mundo, pois a religião em nome de Deus tinha posto uma ação moral rígida e marcada de certos limites. 
A filosofia de Nietzsche sobre Deus fora do cenário humano foi de grande valor para muitos, especialmente para aqueles que não querem viver segundo um padrão moral, ou expressar um tipo de fé verdadeira.
Ter na mente a ideia de que Deus não existe ou que Ele está fora do nosso mundo contribuiu para que cada pessoa criasse seu próprio estilo de vida, tivesse uma noção subjetiva do certo e do errado sem a intromissão da das interpretações cristãs. 
Atualmente estamos vivendo em um mundo onde o sentimento cristão está sendo escamoteado a cada instante, cada pessoa cria sua ideia própria sobre verdade, bondade, amor, vida, valor, sem querer escutar as virtudes cristãs estereotipadas nas paginas da Bíblia. 
Nietzsche afirmava que nosso conceito de bondade e compaixão, especialmente o cuidado para com os indefesos, tinha sua origem naquilo que ele denominava de “Genealogia”. Esse filósofo dizia que os poderosos aristocratas gregos construíram suas vidas alicerçadas nas ideias de honra, vergonha e heroísmo na batalha, e não apenas nas ideias de bondade, generosidade, ou um sentimento de culpa por agir errado.
Nietzsche dizia que os escravos valorizavam o que ele chamava de moral escrava, que olhava para os atos dos poderosos como maus e os sentimentos dos companheiros como bons. Os escravos eram pessoas que tinham pouco poder, eles invejavam os poderosos, enquanto que os poderosos celebravam o poder, a força, os escravos transformavam a bondade e a generosidade como virtude.
A ideia da morte de Deus e a hermenêutica da moral escrava de Nietzsche contribuíram lamentavelmente para que muitas pessoas vivessem suas vidas em um nível moral muito baixo, em um puro relativismo, ademais, o sentimento de amor, compaixão,
carinho, humildade, começou a ser interpretado como fraqueza, dando vazão ao espírito soberbo do homem.
O pensamento de Nietzsche formou homens de mentes e ações cruéis, dentre eles destacaremos apenas um: Hitler. Mas nos corredores das Universidades, Escolas, e outros setores, multidões de pessoas estão desprezando os valores familiares, os poderes eclesiásticos, as instituições brasileiras, isso inclui até os símbolos nacionais e cristãos. 
O niilismo de Nietzsche procurou mostrar que o homem é um ser independente, que não precisa de nenhuma verdade moral ou qualquer tipo de hierarquia pré-estabelecida, desse pensamento então surgiu os céticos, os que não valorizam os podes, os que não respeitam as leias, que acreditam que somente os fortes são capazes de vencer na vida.
Tirando Deus da mente e do coração o homem acha que é um deus, mas um deus que não consegue resolver seus problemas, que morre nas suas angústias. O homem de hoje está construindo sua própria torre de babel, sua loucura mental destrói seu lugar de habitação, e o desejo de manter o poder, a glória, a fama, o leva a ser um déposta, um tirano, um “Far West”, onde cria suas próprias leis. 
Um dos poetas de Israel deixou bem claro: “Feliz é a nação, cujo Deus é o Senhor”.

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